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Arquitetos: Benedito Abbud Arquitetura Paisagística
- Ano: 2022
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Fotografias:Eduardo Castello, Eduardo Ikoma, Maíra Acayaba
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Torre Mata Atlântica é parte do complexo Cidade Matarazzo, um empreendimento de uso misto na cidade de São Paulo que compreende habitações, escritórios, hotéis, lojas, restaurantes, centro cultural e uma capela.
Dentro do grande terreno pertencente ao antigo e tombado Hospital Matarazzo, a edificação é também de uso misto, com suítes para hospedagem e apartamentos residenciais, ambos administrados pela rede hoteleira Rosewood e espaços comerciais em seu embasamento. Uma construção nova com conceito arquitetônico do Ateliers Jean Nouvel, que ocupa uma porção de aproximadamente 3.000m² do terreno de 30.000m².
O paisagismo do complexo Cidade Matarazzo partiu de uma importante premissa: ele deveria ter um protagonismo tão grande quanto as construções. Seu papel, portanto, foi o de equalizar a paisagem caótica do empreendimento, composta por edifícios com várias tipologias - parte deles do início do século XX e outra de construções novas. A vegetação perpassa todo o conjunto ocupando os espaços vazios, na complexa relação entre os volumes. Nesse contexto é que nasce o paisagismo da Torre Mata Atlântica, com seus grandes terraços escalonados, cobertos de árvores, evocando as encostas verdejantes da Serra do Mar.
O jardim frontal é uma mata densa que resguarda a privacidade dos ocupantes e disfarça o volume massivo da edificação de quem passa pela rua. Enormes jardineiras elevadas foram criadas nos pavimentos 10, 16 e 21 onde o edifício apresenta os maiores escalonamentos. Na cobertura do 27º pavimento, toda área é ajardinada. Além disso, a vegetação permeia toda a complexa volumetria do prédio, com jardineiras de médio porte e grandes vasos na sacadas dos apartamentos, criando uma edificação mutável e de caráter imprevisível.
Plantar árvores nos andares de um arranha-céu tem sido uma tendência explorada pela arquitetura na última década, tanto pelo seu apelo estético quanto pela simbologia ambiental. Porém esse tipo de situação sempre incorre em uma série de riscos majorados, em relação a controle de raízes, queda de galhos ou da própria árvore. E, em se tratando de uma torre com mais de cem metros de altura e árvores plantadas já em porte adulto, esses riscos são ainda maiores. Então, para viabilizarmos a implantação do projeto com um nível aceitável de segurança, foram necessários profundos estudos de riscos e o desenvolvimento de soluções para minimizá-los.
As árvores foram escolhidas tendo como condição essencial a sua resistência aos ventos. Para isso, foram criados modelos computacionais de várias espécies nativas. A simulação, em condições de ventos extremos, levou em consideração a resistência da madeira, disposição típica dos galhos, formato típico de copa e folhagem. Depois de avaliadas e aprovadas, as espécies foram posicionadas na edificação conforme suas características.
Desenvolveram-se ainda soluções de ancoragem e contenção física das árvores, tanto de suas partes enterradas (torrão), quanto aéreas (tronco e galhos). Garantindo assim, uma camada extra de segurança mesmo na ocorrência do pior dos cenários.